sábado, 7 de dezembro de 2013

Delirium.

Eu não sei todas as respostas do mundo. Eu não tenho justificativas. Minhas atitudes extremas não precisam de uma gota d'água. Meu desequilíbrio não precisou de um trauma. Meu amor não requer sujeito. Minha dor não precisa ser afogada.
Ele criou o mundo que precisava pra manter nossa união aquecida com o Sol que descansava todas as tardes na nossa janela...ele regou os sonhos que alimentavam os domingos preguiçosos na varanda...ele construiu anos de música, prosa e verso sobre os meus vestidos. Os incensos e balões de Hélio brincavam na sala cheia de DVD's e os sapatos se misturavam debaixo da cama, junto do lençól que derrubamos e do enfeite do meu cabelo. As escovas de dente se abraçavam olhando a toalha dividida entre as roupas sujas no chão e o sabonete. Os copos sujos de vinho conversavam sobre a noite passada com o cinzeiro cheio de histórias e cigarros mortos com e sem marcas de batom. E a sobremesa esperava...e a tristeza ficava pro outro dia...e a realidade era remarcada pra semana que vem...e o perigo das ruas era mantido em segredo dentro da TV desligada.
Quis sair pra ver o mundo, me assustei.
Lá fora a coisa é outra...lá eu preciso sobreviver...lá eu tenho pesadelos e acordo sem abraços...mas é lá que eu vivo agora...e as buzinas e os semáforos e as ambulâncias e os documentos e o despertador e o prazo final...e a realidade.
Vou passar lá pra pegar algumas roupas...e o cheiro de lavanda que deixou o meu pescoço. Vou passar lá pela nostalgia...pelo piso de madeira que range quando eu ando na ponta do pé de madrugada...pela maçaneta que emperra...pela torneira com vazamento...pelo meu filme preferido que ficou empoeirado na estante...pela minha luminária verde...pela dose do mundo dele que eu quero na minha realidade mesmo depois de ter ido embora.
Pra dizer Adeus...


Deb.

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