segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Efêmero.

Ele tinha mania de puxar os cabelos atrás da orelha quando assistia filmes, ou quando ficava nervoso com alguma coisa, de modo que o seu cabelo liso sempre tinha um pedacinho mais bagunçado. Eu dava tapinhas em suas mãos pra ele parar de puxar os cabelos, e ele se encostava em mim pedindo cafuné. Eu levava ele ao cabeleireiro pra cortar a parte bagunçada do cabelo, que toda vez crescia e voltava a ficar bagunçado outra vez.

Eu tinha mania de dobrar os guardanapos em formas triangulares quando a gente saia pra jantar fora e eu não sabia o que dizer, sobre o que conversar ou quando eu ficava nervosa...na verdade ainda tenho essa mania mesmo não saindo mais pra jantar com ele. Ele dava tapinhas nas minhas mãos pra eu parar, amassava o guardanapo e jogava de volta pra mim enquanto ria e arranjava alguma distração pra me fazer parar.

Um dia fomos tomar café, meu dia havia sido péssimo e eu enrolei uma mecha do meu cabelo até ele ficar todo bagunçado. Ele pegou um guardanapo...dobrou em formas triangulares e me deu.

- Pra te acalmar.

Sorri pra ele.

Hoje eu não sei como estão os seus cabelos e ele não sabe quantos guardanapos eu dobrei...e me lembrei de todos os tapinhas nas mãos enquanto arrumava a minha bolsa e encontrei o guardanapo triangular manchado de café.

Hoje quase tudo evaporou...
Hoje os castelos caíram...
Hoje eu não sei mais.


Kamilatavares.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Time and pain.

Fechei os olhos...minha cabeça explode de meia em meia hora, entro em pequenos colapsos passageiros...e minhas costas doem. Pessoas perguntam se eu acabei de acordar, ou se eu tive um dia exaustivo...não fiz nada durante aquele dia inteiro e mesmo assim o cansaço me pesava.
Ele escapou da morte, mas ela está sendo encurralada...já não tem mais a mesma voz, já não acorda mais com a mesma disposição, já não dorme mais tão tranquilamente. Eu vi as suas rugas, o seu suspiro no fim da tarde de quem espera a hora de partir.
Somos tão velhos, somos tão jovens...
Eles fogem da morte...se escondem debaixo da cama, atrás da porta, trancados no quarto! E nós saímos todas as noites buscando o suicídio.
Um dia a hora chega, enquanto isso o ponteiro vai nos arrastando e eu acabei descobrindo que é por causa do barulho do relógio que a minha cabeça dói.


Kamilatavares.