sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Letters for him.

No dia que a gente conversou sobre o Tarantino eu sabia que ia acabar me apaixonando por você...bateu a intuição, sabe?! Foi uma das primeiras conversas mas eu sentia um entusiasmo que me fez querer conversar sobre tudo que eu gostava e te contar sobre o meu dia e as coisas que eu pensava sobre o mundo...e me perguntei porque você trocou a diversão dos bares, cinemas e teatros por meia hora de papo furado comigo; foi aí que eu percebi que você se sentia tão só quanto eu, embora fosse feliz com isso de certa forma...

Eu costumava adorar aglomerações de pessoas...não multidões de estranhos - essas me assustam - mas aglomerações em festas pequenas e médias, encontros de amigos, shows em bares com aquelas bandas que tocam tudo que a gente gosta, sabe?! Costumava andar e encontrar quinhentas pessoas conhecidas, conversar com elas, me divertir, fazer algo fora do planejado. Ontem eu tentei, mas tentei me isolar das pessoas não sei porque...conversei com todas elas mas não tive vontade de ficar perto de nenhuma...e me vi andando sozinha com minha cerveja na mão sem pressa de chegar em casa porque ninguém ia querer saber das coisas engraçadas que eu vi, ou das músicas que tocaram ou daquela velha amiga que eu não via há tempos e que foi tão legal matar as saudades dela...eu consegui com maestria me sentir só na multidão...e a dor vai passando - a gente sabe - os dias vão passando batidos, as taquicardias se tornando triviais e o choro no meio da noite vai dando lugar ao sono, mas isso não quer dizer que eu não sinta sua falta todos os dias...que eu não sofra por ter perdido o meu melhor amigo...porque apesar de tudo o que aconteceu era isso que você representava...o resto todo era incerteza, e eu morria de ciúmes de tudo, e queria amarrar você na grade da janela e não te deixar sair do quarto nunca...porque você era o meu amor e o meu melhor amigo...e isso era uma maravilha que nem eu poderia acreditar.

Não vou tentar ficar bem, nem vou me abraçar com o sofrimento...vou deixar que os dias passem e as cartas diminuam, e que a vontade de te contar quantos sinais verdes eu peguei no caminho pra faculdade passem, e que eu volte a compor canções e não queira te ligar no meio da noite...eu costumava falar sozinha imaginando você sentado na cadeira ao lado...agora eu faço orações pra não perder o equilíbrio depois de tantas crises nervosas...e espero um dia confiar em alguém que possa ouvir o que eu tenho a dizer e que me conte algum segredo importante que eu não possa contar pra mais ninguém...enquanto isso eu espero o dia em que eu vou parar de esperar.

Acho que eu perdi a minha habilidade de fazer boas analogias, acredita? Mas consegui completar o meu top3 de melhores series de drama, concluí que o Ipê amarelo é de fato a minha árvore preferida e descobri que as melhores pessoas são aquelas que não ficam constrangidas em momentos de silêncio com outras pessoas...tente passar cinco minutos em silêncio com alguém...se ela não se incomodar e nem tentar puxar assunto desesperadamente, bem...tenha certeza de que essa pessoa tem opiniões muito boas sobre as coisas e uma visão bacana sobre o mundo!

Sinta saudade de mim quando alguém lhe apresentar uma música nova ou falar de um jeito quase que esquizofrênico sobre alguma coisa que gosta muito...ou quando precisar de um cafuné antes de dormir. Eu vou ficar bem daqui.

O carnaval começou e eu já tirei o meu bloco da rua.



Kamilatavares.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Ambiguidade.

Sonhei com você outra vez...mas que merda...que maravilha! É isso mesmo! Me amaldiçoo e me bendigo por cada pensamento que lhe direciono durante o dia ou até mesmo em sonho, e me sinto partida ao meio quando te quero por perto e ao mesmo tempo bem longe de mim, quando concluo que você é a pessoa que mais me fez mal e mais me fez bem, que eu mais amei e amo, que eu mais odiei e odeio...que eu confio cegamente sem acreditar em uma palavra do que você diz!

E me dividindo vou procurando me completar...em silêncio vou gritando.

Tipo aqueles pacientes que não sabem o que fazer quando encontram a cura e não precisam mais voltar ao hospital...tipo aqueles vilões que conseguem matar o herói e depois ficam sem ter o que fazer...tipo quem guardou dinheiro a vida toda pra viajar e uma semana antes de ir acabou infartando de tão feliz e morreu...tipo estudante que ralou a vida inteira pra tirar notas boas e depois que acaba a faculdade ficou sem emprego...tipo nadar e morrer na praia.

Um

Vazio

Sem

Fim.

E que de tão grande me preencheu.





Kamilatavares.