domingo, 26 de maio de 2013

O que eu quero...

Seria tudo isso uma praga daquela carta da lua que a minha tia deixou na mesa pra mim? Seria tudo resultado do meu plano reencarnatório querendo me ensinar alguma grande lição que eu só vou saber qual é quando chegar do lado de lá? Só sei que eu não sei mais de nada, e cada minuto de silêncio vai me rasgando por dentro e me causando uma inquietação atípica de mim. Quero fugir, quero esperar o resto da vida, quero sumir, quero morrer na esperança de que um dia dê certo...não quero mais nada!
Só sei que no fim das contas eu que entrei em colapso por não saber o que fazer e passar muito tempo me perguntando o que fiz de errado; dizem ser pessimismo...pra mim é um filme se repetindo! E nunca acaba bem, nunca tem o final feliz que me faz chorar...meu choro no final é de outra coisa...é de outra parte de mim morrendo.
Um dia vou ser feliz na vida, talvez...mas não do jeito que eu queria! Não morrendo cedo assim, me desgastando pelo que talvez nem valha a pena! Não tenho estrutura pra jogo de azar, depois de tantas eu só boto o meu na reta se a vitória for certa, não aguento mais apostar no time errado, e nessas circunstâncias, eu não sei nem que time vai entrar em campo no próximo jogo! Como proceder?
Essa noite eu tive um pesadelo, acordei chorando mas não liguei pra ninguém! Fiquei parada olhando o dia amanhecer e cavando mais o meu vazio...não quero mais falar de bares ou de outros rapazes, não quero conhecer pessoas novas nem acordar sem conseguir lembrar da noite passada...quero minha rede e meus livros, quero as promessas de paz, quero queimar aquela carta e ver o Sol beijar o mar sem me preocupar com nada além das trivialidades da hora do jantar...
Eu quero paz, meu amor! Quero que todo dia seja como o começo de tudo, quero acordar e começar tudo do zero pra relembrar minha risada despudorada e os teus olhos brilhando e sorrindo pra mim, quero que todos os abraços sejam de reencontro e todas as noites de chuva só pra curtir o frio com você...quero poder cuidar da tua tosse e fazer desaparecer qualquer rastro de dia triste com algum comentário engraçado...quero cuidar de você porque fazendo isso eu cuido também de mim, assim eu aprendo a construir laços...e desfazer os nós da minha garganta...assim eu me contento em ser eu, sem medo!


Kamilatavares.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Escritos de guardanapo de bar.





Agora eu sou a moça sozinha no bar, o copo de cerveja sempre meio cheio, mas o pessimismo bebendo ao meu lado me dizendo que a vida anda sempre meio vazia; e não me importo com os olhares dos garçons ou dos caras das outras mesas; não...eu não estou esperando ninguém! Vim sozinha e é assim que vou voltar, qual o problema?
As sinfonias na minha cabeça destoam completamente das músicas animadas que tocam no bar, pessoas dançam. Eu observo.
Não quero fechar os olhos e ver aquela janela grande cortando as paredes azuis que protegem aquele sorriso do mundo lá fora...que trancaram nossos segredos de liquidificador daqueles que não mereciam ouvir...
Quero o meu lar, não a minha casa...
Quero as conversas, as risadas, quero o cheiro dele, o toque, a segurança, a voz dele me dizendo que eu sou um anjo e que tudo vai dar certo! Vai dar tudo certo? O adeus foi um até logo, ou o até logo foi um adeus? Não sei mais de nada...desce mais uma, por favor!
Hoje o dia não tem fim e eu quero apagar pra não correr o risco de mais uma madrugada de olhos inchados...
Pensando bem...dose dupla! É que acabou o meu cigarro...


Kamilatavares.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Babe i'm (not) gonna leave you.




Os primeiros raios de Sol invadindo a janela sem cortinas me obrigaram a abrir os olhos; na verdade eu não dormi aquela noite, mas o misto de tristeza e esperança não me permitiu chorar...ou talvez eu ainda fosse desumana como antes! Na dúvida resolvi testar...
Por mais quente que a cidade fosse o frio me perturbava naquela hora, ele não soltou a minha mão mesmo dormindo...mas me levantei com aquela dor nas costas e aquele aperto no peito que não me deixavam; juntei algumas coisas...ele não acordou, abri a porta e saí!
Parecia cena de filme quando eu vi a porta fechando e o meu campo de visão ficar cada vez menor, o Led Zeppelin tocava insanamente na minha cabeça..."babe i'm gonna leave you..." e minhas pernas tremiam de medo. Precisava saber se seria fácil pra mim simplesmente fechar uma porta e sair - como sempre fiz - sem deixar explicação, adeus, até logo, bilhetinho na geladeira...sem deixar nada de mim, apenas ir... Precisava saber se eu não sentiria nada como era de costume não sentir.

"I said baby, you know, I'm gonna leave you
I'll leave you when the summertime
Leave you when the summer comes a rolling
Leave you when the summer comes along"

Fumei um cigarro, andei pela casa vazia...a música não parava na minha cabeça, repetia...aumentava o volume...escovei os dentes, refleti por horas naqueles três minutos que duraram a eternidade...não consegui, voltei pro quarto.
Ele permanecia imóvel, o Sol iluminando o pouco que eu conseguia ver dos seus ombros, minhas malas arrumadas, os livros, as HQ's, meu violão...e agora? O que eu vou fazer agora? Não sei mais ir embora...o meu super poder foi tirado de mim, e admitindo a minha fraqueza eu voltei a me deitar, segurar sua mão e esperar o despertador tocar.
Definitivamente não sou mais a mesma...engraçado olhar pra trás e pensar nas besteiras que fiz, mas agradeço por todas elas...sem aqueles erros todos não teria a coragem que tenho hoje, nem mesmo a coragem de admitir minha covardia na hora do adeus, e fui covarde de todas as formas que eu consegui ser.
Estava na hora...ele abriu os olhos, sorriu preguiçoso e me abraçou...eu já estava pronta! Quase nada foi dito, acho que nem era necessário dizer nada naquela hora...então ele arrumou o meu cabelo atrás da orelha, beijou meu antebraço e me olhou de um jeito que eu ainda não consegui decifrar... hora de ir!

Kamilatavares - escutando Led Zeppelin.