quinta-feira, 30 de agosto de 2018

An empty house is not a home.

Agora eu sou o berço da geração de mulheres que usam os homens e os descartam sem nenhum motivo. Todas as vezes em que estive do outro lado do espectro achei que a diversão inteira morava naqueles que me usaram; estando no lugar deles agora, nunca me senti tão vazia.
Uma vez ouvi numa música que "a verdade, meu amor...a triste verdade é que não existe saudade nos braços de outro alguém!", mas a saudade fez morada em mim desde a última vez em que ele saiu pelo meu portão.
Quase dois meses se passaram desde a última vez que o sol despontou na janela, e quando eu acordei ele estava sorrindo ao meu lado. Hoje outro homem ocupa seu lugar na cama; um cara que acabei de conhecer, gente fina, educado, bonito, cheiroso, carinhoso, sexo incrível...mas no fim das contas eu virei pro outro lado pra não olhar pra ele e ver que não era quem eu queria ao meu lado. Quis expulsar o pobre rapaz da minha casa, não consigo deitar ao lado dele, não consigo compartilhar meu sono com ele, não consigo sorrir pra ele...quero o meu amor de volta!
Pra falar a verdade ele volta amanhã! Tenho contado as semanas, dias, horas, minutos e segundos. Preparei um menu especial, vou arrumar a casa inteira pra sua volta. A razão pela qual tem outra pessoa na minha cama? Ainda não sei. Pensei que tendo uma boa noite de sexo com outra pessoa eu poderia apagar aos poucos a falta que ele me faz, o sorriso dele me assombrando todas as noites, o medo que eu tive ao pensar que ele fosse embora de vez e o tremor nas minhas pernas quando ele me abraça forte. Bem...não funcionou.
Depois de tanto apanhar da vida eu me tornei mais racional, fria, cruel...mas ele desperta em mim tudo que há de bom que eu julgava ter perdido, sem nem me perguntar.
Mesmo com tudo isso, nunca tive a ilusão de que ele fosse só meu. Nossa linha de comunicação que eu fiz questão de construir me dá a segurança de que ele tem outras, mas enquanto ele estiver por perto eu não me importo. A distância foi o que maltratou a gente, me enlouqueceu e me desestabilizou por completo.
Amanhã vou almoçar na casa dos meus pais e passar no mercado pra comprar os ingredientes que faltam pra fazer o seu jantar. Preparar suas sobremesas preferidas, trocar os lençóis da cama, apanhar a roupa do varal, pendurar a toalha dele ao lado da minha no banheiro e deixar sua máscara de dormir em cima do travesseiro. Queria dormir, mas com o outro na nossa cama eu não me deito, não tenho paz, não tenho sossego...tenho uma casa, mas não tenho um lar.
Faltam duas horas pro despertador dele tocar pra que eu possa finalmente mandá-lo embora. Pro meu amor, café da manhã na cama. Pro outro, no máximo um copo d'água. Alguns podem até habitar seu corpo, mas quem mora no coração nem a gente consegue escolher.


Queria poder ser todas as coisas que ele precisa. Por enquanto, vou zelar pelo pedacinho dele que mora dentro de mim. Seja bem-vindo, meu bem...você não sabe o quanto eu senti sua falta e as coisas que eu fiz pra tentar esquecer.


Kamilatavares.

sábado, 18 de agosto de 2018

Inquietude.

Cresci ouvindo da minha mãe que eu era uma desistente nata! Na primeira dificuldade de qualquer coisa eu pulava fora e tentava outra completamente diferente; e esse era o meu maior defeito.
Aos 10 entrei no piano, aos 12 desisti. Aos 13 entrei na natação, aos 15 saí. Queria aprender xadrez, saber jogar buraco e entender tudo de carteado, tocar bateria e guitarra, falar inglês, espanhol, italiano e francês. Queria saber pintar, desenhar, lutar judô e dançar ballet.
"O seu problema é não saber escolher!"
Aos 11 anos escolhi ser historiadora! Uma paixão que acreditei não conseguir abandonar pelo resto da minha vida; e me segurei nela até chegar o meu desejado diploma...e dessa escolha a minha mãe se orgulhou, mas permaneci inquieta.

Não sei criar raízes em algo e me segurar naquilo até a morte. Nós somos condicionados a escolher um curso, um hobbie, um amor, uma comida preferida, um estilo musical, uma cor de cabelo, um autor preferido, um filme, uma bebida, um destino pra viajar nas férias. Porque diabos se agarrar em uma possibilidade num mundo tão vasto?

Meu coração pulsa por diversas coisas, imagine o que seria de mim se eu soubesse fazer só uma coisa? E se acabassem com as escolas e chegasse o dia em que ninguém mais precisasse de um professor de história? E se minha comida preferida acabar? E se eu só soubesse tocar violão e na loja de instrumentos só vendesse contrabaixos? E se eu conhecer o amor da minha vida, e o amor da vida dele for outra?

Então eu decidi: Eu escolho a mudança! Mudar é a constante da minha vida.

Desta forma minha inquietude se traduz nas músicas que canto, nos cardápios que desenvolvo, nos instrumentos que eu toco, nos filmes que eu assisto, nas peças de teatro em que eu atuei, nos amores que eu tive, nos textos que eu escrevo e nas pinturas que eu deixo pelas paredes. Já tive todas as cores de cabelo, já conversei em três línguas diferentes ao mesmo tempo, já subi no palco, pilotei fogão, dancei, amei, lecionei, vivi.

Meu amor é pelos que sangram suas vontades no meio da rua, pelos que sabem expor seus corações como um sorvete caído no asfalto derretendo com o calor. Em cada esquina uma nova possibilidade, e pra elas eu me abro como um cachorro de rua que corre abanando o rabo pro estranho que lhe trouxe ração cheio de bondade. Permaneço na mesma cidade, mas o mundo é meu!

Eu vou botar todos os meus blocos na rua. Meus braços estão abertos e eu grito!

Não sou misteriosa, não sou discreta, não sou contida e não sou limitada. Se é pra ver o circo pegar fogo, que eu esteja no meio das chamas.

Eu quero o ontem, o hoje e o amanhã...tenho fome de tudo!

E se o mundo se explodir, que eu faça parte do show em forma de fogos de artifício.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Amores (des)funcionais.

Existe todo esse mito acerca dos escritores e seus amores loucos, doentes, psicopatas, passionais, possessivos...e como eles despertam uma inspiração louca, que arde em nossos dedos que buscam qualquer pedaço de papel que seja pra colocar todo aquele fogo pra fora.
Em contraponto, a famosa sorte de um amor tranquilo...que é morno, calmo, manso. E o tédio que vem junto com ele, nos impedindo de escrever uma linha que seja.

Dizem que o poeta só é grande se sofrer, e eu discordava disso. Bem...discordava.

Tive amores calmos, relacionamentos duradouros e sem nenhuma inspiração. Fui feliz, mas é quase como se tal felicidade não contasse realmente. Meus escritos andavam mortos e eu me sentia o próprio clichê do protagonista sem graça de algum filme indie barato sobre qualquer escritor que passa por uma crise criativa e só escreve bosta.

As pessoas querem queimar, enlouquecer, quebrar as vidraças, atirar um coquetel molotov na casa do ex e gritar no meio da rua que ele foi um filho da puta! Pelo menos é o que os loucos querem, e são os loucos que me interessam, aqueles que ardem! É pra os apaixonados sofredores malditos que eu escrevo - e sempre escrevi - os românticos frustrados que querem uma vida pacata ao lado do grande amor da sua vida, mas que já sofreram o suficiente pra saber que isso é ilusão. E quem escreve uma vida perfeita esta tentando te enganar e roubar o seu dinheiro em plena praça central com essa ideia de que a plenitude no amor é a melhor coisa que existe.

Depois de um ano e alguns dias tentando viver um amor de propaganda de margarina sem sal, onde todos os dias eram manhãs de domingo felizes, porém sem profundidade alguma, eu me livrei dessa falsa ideia de calmaria e voltei ao meu antigo eu: Sozinha, cheia de planos que eu queria executar e com um mundo de possibilidades.

A vida com ele era cômoda, eu não precisava me esforçar com nada. Então a primeira medida era restaurar o meu direito de ir e vir sem dar satisfações pra ninguém. Precisava voltar a dirigir (e ficar boa nisso), organizar as minhas contas pra não esquecer de pagar nenhuma, fazer uma conta da netflix só pra mim, gerenciar meus emails sozinha, organizar minhas receitas, marcar de ver as amigas que eu não conseguia visitar sem ele anexado no meu braço feito um gêmeo siamês e tomar todas as cervejas que eu pudesse nesse intervalo.

Coloquei tudo em prática...e em menos de um mês eu conheci Ray.

Ele foi até o bar onde eu trabalho. De ressaca, jaqueta de couro, voando na moto, perfume de homem, voz grossa, atitude. Estava na cara dele escrito em neon que se eu não ficasse esperta o desgraçamento mental ia ser grande. Foram alguns dias se conversa antes do encontro ao vivo. Meia hora de conversa e ele perdeu a paciência, me pegou pela cintura e me beijou. Alguns minutos depois eu já estava sem capacete na garupa da moto indo em direção a casa dele.

Por ter vivido muitos amores ruins de viver e bons de escrever, eu já tinha uma previsão de como seria o roteiro...e confesso que a saudade de perder as rédeas era grande. Ele era o candidato perfeito. Todo esforço que ele fez pra me impressionar se transformou em gargalhadas descaradas da minha parte. No primeiro dia ele me jogou um romantismo barato que eu respondi dizendo que ele falava aquilo para todas. De prontidão ele me disse "olhe em volta...tem sinal de outra mulher aqui?".
Dei uma boa olhada pelo quarto dele...nada de brincos esquecidos ou bilhetes apaixonados. O cara era bom. Eu sabia que ele tinha outras mulheres, mas levou uns meses até ele começar a me confessar...sempre com medo que eu fosse largar dele. Fiz disso o meu trunfo! Conhecimento nessas horas é uma dádiva.

Nos primeiros encontros eu me segurei o quanto pude pra não ceder ao charme dele, de modo que isso o prendesse - e funcionou! Ele fez de tudo pra conseguir arrancar minha roupa; e quando o fez...aos poucos fomos revelando nosso lado mais doentio e romântico e louco e apaixonado.

Às vezes ele me mandava mensagens românticas, me dava chocolates, ia ao supermercado comigo, me chamava de amor, bebê, neném, meu bem, coisa linda...
Cozinhamos juntos, ele cuidou de mim quando briguei com minha irmã, eu cuidei das febres dele, dividimos segredos sobre nossas vidas, nossas famílias, nossos sonhos. Comemos uma pizza terrível de um delivery qualquer e tentamos assistir um filme uma vez...não deu certo.

Às vezes ele me batia, me estrangulava, dizia que era meu dono, me chamava de puta, cachorra, safada, perguntava se eu dei pra outros em sua ausência, levantou meu vestido em frente ao portão na rua deserta e me dominava de todas as formas possíveis. Claro que tudo isso só aconteceu com minha permissão e só na hora do sexo. Toda vez que ele era romântico na cama, eu dava uma gargalhada e deixava ele me dar um tapa.

O fato é que as duas coisas se misturavam numa dança entre loucura, romance, amor, putaria, cuidado, sumiço, raiva, violência e alegria. O plano dera certo: Nos apegamos.

Enquanto isso ele mantinha as outras, e algumas tantas ele dispensou. E isso me dava um tesão pelas palavras que eu voltei a escrever feito uma louca.

Escrevi cartas, bilhetes em guardanapos, cardápios antigos, nos meus cadernos de anotação. Ray era a musa inspiradora que eu esperei por anos.

Já tive amores que só serviam pra fuder e escrever. Ele foi o melhor deles.

Alguns mereceram bilhetes, outros algumas crônicas, ele merece livros.

Mas de alguma forma, mesmo sem perder totalmente a conexão, não vejo Ray há mais de um mês. Sempre uma desculpa: as provas, a filha, a gripe, a febre, a empresa, o tempo, o dinheiro...

Ainda tenho com ele um compromisso marcado de assistir ele comer outra garota. Talvez ele goste dela, talvez seja só mais uma passageira...não sei ainda, mas vou pedir um caderno e escrever o que vai acontecer por lá! Tenho certeza que vai ser a minha sentença de morte em um dos dias mais poéticos que a minha existência irá presenciar.

Temos várias coisas em aberto: Eu pedi pra ele uma coleira de presente, e prometi que faria uma lasanha e um bolo de prestígio pra ele. Temos um stand up pra assistir, ele combinou de ir no lançamento do meu cardápio novo. Mas eu ando impaciente...sei que oito meses se passaram e sinto que estou perto do fim. Eu tive outros dois como ele e sinto quando a coisa toda vai explodir.

Mas é ótimo...as palavras dançam pelos meus dedos sem o mínimo de esforço. Hoje já mudei de ideia sobre ele umas cinco vezes, acabei com a paciência de Paloma falando sobre isso, conversei sobre Bukowski com ele logo em seguida e já voltei a não querer mais nada...e ao mesmo tempo meu corpo grita de saudade. Perdi completamente o filtro que a Kamila de 17 anos tinha, aquela que não conseguia sequer descrever um beijo em seus textos.

Nesse um mês que ele sumiu eu visitei bares, li três livros, fiz um cardápio novo, fiquei bêbada várias vezes, Paloma me visitou e eu visitei Renata.

Não ligo pras outras mulheres dele, mas seu silêncio me causa um ciúmes louco. Me sinto uma mulher daquelas que enfeitam os filmes com cenas maravilhosas de escândalos de amor. Quero quebrar a moto dele, esfaquear suas putas e gritar ensanguentada na rua, ao mesmo tempo em que quero fazer uma sopa de carne com legumes e ir lá cuidar da dor de garganta dele...fazer um chá de mel com limão e gengibre.

Me sinto viva e à beira da morte. QUE LOUCURA! QUE MARAVILHA! QUE INFERNO!

Vai ser bom deixar ele...vou sempre me lembrar da loucura. Talvez sinta saudades, mas vou sempre agradecer pelo fato de poder fumar meus cigarros com tranquilidade, porque depois de um tempo ele me disse que tinha ódio dos meus cigarros e eu parei de fumar quando ia encontrar com ele.

Uma vez eu saí do trabalho às três da manhã e bati no portão da casa dele. Tirei a roupa ainda na garagem. No dia seguinte ele me olhou apaixonado e me pediu pra ficar...sorri, recolhi minhas roupas e disse "Tchau, até a próxima!"
Ele reclamou dizendo que eu o tratei feito uma puta. Talvez essa seja a vingança dele...e de certa forma é poética.

A gente nunca daria certo, e é por isso que eu o amo tanto.


Me desculpe por te torturar, obrigada por me fazer voltar a escrever.

Adeus, nos vemos em breve.

terça-feira, 20 de março de 2018

Ray.

Talvez seja simples a razão pela qual eu o veja como um ser tão complexo. Ou talvez tudo que eu saiba sobre ele seja parte de uma ideia completamente equivocada, mas a verdade (ou pelo menos o que eu julgo ser) é que por mais que ele tenha dividido bastante coisa sobre sua vida nas poucas vezes em que nos vimos pessoalmente, eu o enxergo como um ser completamente misterioso.
Nunca ninguém teve tantas ideias erradas sobre mim - isso é fato - e ao mesmo tempo em que não se importa, tem certo cuidado em saber se eu estou bem e segura...só que mais uma vez, não sei muito bem o que pensar sobre isso. Ele mantém os "sentimentos" num espectro entre a ironia e a dúvida, de modo que nunca se sabe o que realmente acontece ali. Eu - por minha vez - acabei colocando o pé atrás em demonstrar os meus, e ele - igualmente de forma irônica - reclama disso e alega que o meu coração só serve pra bombear sangue...e bombeia mais e mais rápido cada vez que ele sorri.
Não saberia escrever algo seguramente biográfico sobre ele por não conseguir ler quem ele é da mesma forma que eu leio com tanta facilidade as outras pessoas ao meu redor, mas eis o pouco que sei, e que pra mim é o que realmente importa pra ser bem sincera.
Ele pega no sono com muita facilidade - ou finge muito bem, isso eu mais uma vez não vou saber responder com certeza - e dorme muitas vezes enquanto eu estou no meio da frase. Mas eu não ligo, porque sei que falo muito e é bem capaz que eu seja de fato tão entediante quanto eu acredito ser.
Quando o sono ainda é leve, ele ronca. Mas eu não ligo, porque não é daqueles roncos super altos que dão medo, e pra quem só dorme ouvindo música e com o barulho do ventilador ligado, um ronquinho é quase um plus.
Quando o sono fica pesado, ele conversa, tem espasmos, me abraça forte, me beija, me empurra, dá risada... Mas eu não ligo. Pra ser sincera eu até gosto, e dessa vez não vou saber explicar porque. Fico devendo uma.
Ele não gosta de ouvir música durante as refeições, o que eu achei bem estranho pra ser sincera. Mas depois de poucos minutos, pensando sobre isso, concluí que é algo de fato admirável, porque mostra que ele não tem medo de enfrentar possíveis silêncios constrangedores. E quem trata comida com um respeito desses merece um troféu, convenhamos.
Há uns anos eu escrevi um texto que falava justamente sobre a minha busca eterna por alguém que não tivesse medo de compartilhar silêncios e não sentir o constrangimento deles, e sim apreciar que é um bom silêncio é algo raro de se dividir com alguém que o entenda. E lá estava eu - completamente falante - contemplando o silêncio dele - que fala bastante também.
Ele pode ser sério e autoritário em certas ocasiões, e se mostrar extremamente doce e carinhoso em outras...e confesso que a segunda é a melhor parte, mas de certa forma uma não convive sem a outra.
Eu não sei quantas pessoas ele amou na vida, quantas já viu partir, quantas vezes sorriu daquele jeito que faz meus olhos brilharem ou quantas noites passou chorando. Não sei quais crimes e pecados ele cometeu, ou quantas vezes ele já foi bom e salvou o dia de alguém. Não faço ideia de quantas cicatrizes ele abriga ou quais são os seus maiores sonhos. Talvez ele tenha me contado muito do que eu não sei, ou talvez tudo seja um grande teatro, e é isso que me intriga e me encanta.
Só sei que ele odiou todas as vezes que eu o acordei e todos os cigarros que fumei na frente dele, mas ele fingiu não ligar, e eu achei uma graça.
Só sei que ele sumiu mais de um mês e cada dia que passava eu sentia mais saudade. E saudade é um sentimento bem grande pra quem tem um coração que só serve pra bombear sangue.
Só sei que andei olhando vários textos antigos que já escrevi e encontrei ele em vários deles...só não sabia que ele existia mesmo.

E por enquanto é isso, eu acho.

Talvez um dia ele desapareça ou me descarte - como disse ele que fez com tantas outras - e essa seja só uma história sobre o rapaz da voz bonita e de um sorriso que abraça. Ou talvez ele continue roncando do meu lado. O maravilhoso é que nunca se sabe.