domingo, 14 de outubro de 2012

Hello Stranger

Sabe começo de filme bobinho, daqueles românticos que a gente assiste agarrada com um balde de pipoca esperando voltar a acreditar no amor? Foi mais ou menos assim. Aquelas coisas que acontecem e te puxam o tapete de uma forma positiva quando você menos espera; pois é! Esse é mais um daqueles sobre estranhos que a gente encontra por ai.
Eu não andava (e pra confessar, essa situação ainda não mudou) nos meus melhores dias, emocionalmente falando... já tem alguns meses desde que eu decidi me aquietar, pisar no freio, me sentar e olhar em volta  pra tentar enxergar algo que eu não via antes; então resolvi passar o feriado fora pra olhar pro mar e me acalmar...pensar em coisas boas, me rodear de quem só me passa energia boa...me renovar!
Deus sabe o quanto eu sou desastrada, e é ai que a parte toda dos filmes entra! Entrei tropeçando no ônibus, derrubando a bolsa na tentativa de encontrar minha passagem e descobrir onde diabos eu ia sentar, depois que achei a passagem e me reequilibrei de um tropeço (Tropecei no meu próprio vestido, falta de costume de usar longos), então ele estava lá, de xadrez e sorrindo da minha performance atrapalhada, e era justamente ali que eu iria sentar! Ele se levantou e me deu passagem, antes que eu caísse mais uma vez, agradeci e me sentei; cada um pegou seu fone e virou pro outro lado, pra minha felicidade eu estava sentada na janela, então tinha com o que me distrair...
Eu queria, sei lá, falar com ele...mas me deparei com uma timidez tão grande que tive até medo, fiquei vermelha só de pensar, então fiquei na minha pensando sobre o quão legal ele seria, me perguntando que música ele estava escutando, se tinha um gosto musical parecido com o meu, o que ele gostava de ler, estudar, escutar, assistir...imaginei mil coisas a respeito daquele menino que eu nem sequer sabia o nome...imaginei tanto que adormeci na timidez da minha poltrona, e fui acordada minutos depois com as luzes de acendendo nos meus olhos.
Ele olhou pra mim se sentindo igualmente desconfortável com as luzes nos olhos, também estava dormindo...agora sem os fones de ouvido, ele ria de um bêbado que conversava com todos algumas poltronas a frente, então entrou o famoso cara do lanche.
"Eu sempre me pergunto de onde esse cara do lanche vem, não é?" Sim! Ele puxou assunto comigo.
"E eu pra onde ele vai depois que desce no meio do nada!" E de fato eu sempre me perguntei isso...
Ele continuou sorrindo pra mim e começou a falar sobre a dor nos olhos quando ligaram as luzes, sobre a sede que ele sentia, sobre as conversas do bêbado, e então ele comprou uma Coca-Cola e continuou conversando...me perguntou porque eu estava fugindo pra praia, se tinha alguma festa legal pra ir, o que eu estudava, onde estudava, o que eu queria escrever na monografia...e eu fui respondendo. Então não me aguentei e perguntei o que ele estava escutando, e começamos a falar do meu assunto preferido: MÚSICA! Ele ama Pink Floyd tanto quanto eu, e os Beatles e tudo mais que eu considere bom! E me falou dos amigos, do curso...de inúmeras coisas...e derrubou Coca-Cola na roupa, passamos um tempo rindo e falando sobre a nossa capacidade de derrubar coisas, tropeçar, trocar as palavras...aliás, acho que eu nunca gaguejei tanto...
No final, é claro, descobri que ele tinha/tem uma namorada ou algo assim, e também que já tinha me visto em alguns lugares por ai, e meio que me conhecia de vista, embora eu nunca o tenha visto! Trocamos apenas nossos nomes, e eu sinceramente não sei se o verei novamente, mas é verdade viu?! A gente vive reclamando (pelo menos eu faço isso todo dia) que as pessoas são as mesmas, os lugares são os mesmos, a vida é a mesma...mas uma pequena mudança de rotina pode nos abrir um leque de possibilidades inimaginável. Hoje é um estranho que você conhece num ônibus e talvez nunca mais o veja, e amanhã? O que pode vir de novo?


Kamilatavares.

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