quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Histórias sobre o Enzo. Parte 02. A festa.

Eu estudava com ele e nem me lembrava, mas como Enzo não é um nome muito comum eu me recordo de ter perguntado pra um amigo meu quem era o maldito desgraçado que sempre fazia uma pergunta chata no final da aula, o professor demorava séculos pra responder e a turma toda ficava presa; e lembro que foi esse o nome que eu ouvi "Enzo! É o E N Z O !", e naquele dia que prometi pra mim mesma que se um dia topasse com ele em algum lugar eu ia quebrar os dentes dele, porque sempre fui assim, uma pessoa calma, delicada e contra esses atos de violência.

                                              ***                           ***

Era aniversário de um ex colega de banda, ele me convidou com a proposta de que a banda (ou parte dela) se juntasse pra fazer uma Jam, relembrar coisas antigas, rir e tudo mais! Eu fui e pra minha sorte tinha cerveja! Conversei com o pessoal, toquei violão e em um dado momento da noite, quando eu já estava devidamente alcoolizada, esse meu amigo aniversariante resolveu que deveria me apresentar aos outros convidados - um por um - nomes que eu nunca ouvi na vida; me abraçavam e voltavam a se sentar...e no meio de todos esses um deles me foi familiar!

- A gente já se conhece!
- Já? De onde?
- Da faculdade, pagamos uma disciplina juntos!
- PERAE...ENZO? O ENZO DAS PERGUNTAS?
- Como assim? Não entendi?
(E aí eu gritava MESMO, falo um pouco ~muito~ alto, just for the record)
- VOCÊ SIM!!! QUE FAZ PERGUNTA DESNECESSÁRIA NO FINAL DA AULA!! EU FICO PRESA NAQUELA MERDA DE AULA POR SUA CAUSA! EU JUREI PRA MIM QUE IA DAR NA SUA CARA!!!!!!

Claro que ele não entendeu nada, e negou tudo! Aliás, ninguém lá entendeu nada e ele acabou saindo de perto de mim ~COM RAZÃO~ porque eu - de fato - queria bater nele...mas me acalmei e voltei pra minha mesa.
O baterista da minha banda perguntou o que tinha sido aquilo, eu expliquei a situação ainda com os olhos vermelhos e os dentes cerrados, tomei um bom gole de cerveja e tentei me acalmar, mas sabe?! Ele me dava nos nervos...era de um cinismo demasiadamente irritante para o meu pavio curto.
ANYWAY, depois de rir bastante da situação toda, eis que o meu querido baterista filósofo profeta olha pra mim e diz em tom de riso "Se vocês se odeiam tanto é porque vão namorar! Olhe bem pra ele porque é pra ele que você vai se declarar infinitas vezes!"
Eu dei a maior gargalhada da minha vida e disse que era IMPOSSÍVEL, claro! Que NUNCA NA MINHA VIDA eu namoraria com uma criatura daquela, e duvidaram de mim - claro - citando milhões de histórias de amor que começaram com pessoas que se odiavam completamente. Pois a minha raiva era tão grande e o meu stress estava tão elevado naquela hora que eu simplesmente me levantei da mesa - o mundo girou 5x em 2 segundos - derrubei o copo de cerveja em cima de algum celular, meio que tropecei mas saí andando em direção ao tal do Enzo, que estava em pé ao lado da mesa conversando com alguém que não importa agora.
Me lembro que ele usava gravata e foi justamente ela que eu puxei e saí arrastando ele pra área externa da piscina, o segurei pelos ombros e dei um beijo nele, daqueles que duram provavelmente uns 30 segundos e parecem aqueles beijos que duram uma semana...ORAS, EU PRECISAVA ME CERTIFICAR.
Quando o afastei (ainda apertava os ombros dele com força) ele olhou pra mim com os olhos saltando de si e as sobrancelhas 100% arqueadas, aqueles poucos segundos duraram um ano, e - como o mundo girava muito - foi quase uma dança. Ele abriu a boca pra falar alguma, mas eu o interrompi bruscamente dizendo "CLARO QUE NÃO GENTE, IMPOSSÍVEL ISSO!" e saí sem dar explicações ou olhar pra trás! Cheguei na mesa, peguei minha bolsa e antes de ir embora olhei para todos e disse que eles estavam todos errados e que eu me certifiquei de que nunca iria namorar com o Enzo.


Ninguém sabe, mas naquela hora o Enzo de apaixonou por mim.
Ninguém soube, mas naquela hora eu me apaixonei por ele também.
E depois daquele dia, foram meses de silêncio e ódio.




Kamilatavares.

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