segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Memórias do começo de tudo.


Naquele dia usei aquele short Jeans folgado com uma meia calça, uma camiseta e o meu velho All Star...na época era o máximo que eu poderia dar de uma versão minha "arrumada"; pelo menos os meus cabelos estavam soltos, e eu usei um pouco de maquiagem, sem batom é claro, eu odiava batom desde que o primeiro menino que eu gostei na vida disse que era horrível beijar e ficar sujo de batom. Acho que eu tinha 14 anos, e desde aquele dia eu evitava batons com todas as minhas forças.
Ele estava de chinelo, bermuda e uma camiseta branca...e aquele sorriso, aquela tranquilidade e aquela educação quase que formal demais pra situação. Um cavalheiro de bermudas, abrindo a porta do carro pra mim. Ainda lembro de certas coisas que ele fazia pra me impressionar. Colocou a minha música preferida daquela banda pra tocar no carro, e disse que era a música preferida dele também. Imagina só, dentre tantas músicas...e aquela nem era a mais famosa!
Me contou aquelas histórias que hoje eu sei de cor, me provou que eu estava errada sobre ele, olhou curioso quando aquele cara me ligou e eu atendi toda nervosa, me fez rir, me mostrou seus DVD's, sua estante de livros e todas as coisas que guardava em prateleiras.
No começo eu confesso, ele foi pretexto pra que eu pudesse esquecer de outras coisas, e olha só o que me aconteceu! Agora quem me faz esquecer dele?
Hoje em dia me vejo muito diferente de quem eu fui naquele dia, com os pés doendo desse salto, as pernas frias onde o vestido não cobre, tirando o esmalte das unhas de nervosismo, procurando batons dentro da bolsa, eu nem usava bolsa! Ia colocando tudo por dentro dos bolsos mesmo, perdendo meus celulares por ai! Hoje eu converso com as pessoas olhando para os lados esperando ele chegar...e quando estou com ele, esqueço de olhar pros lados procurando alguém que me tire dalí, eu sei que não posso ficar...mas fico.
Hoje em dia eu ando muito mais calada, mais sumida, mais distraída...assistindo mais filmes, me prendendo mais nesse mundo meu cheio de coisas. E fico alegre até quase explodir...e fico triste até quase morrer...e fico paranóica com medo de tudo...com medo de mim...
Há quem diga que eu cresci, emagrecí, amadurecí...há quem diga que eu sou a mesma, sofrendo por um personagem diferente, usando roupas diferentes...mas presa na mesma história disfarçada com outro cenário...há quem diga que eu vou ser sempre assim e há quem diga que um dia eu saio dessa! Vou prestando atenção, enquanto perco a memória pra tantas coisas importantes, e vou gastando o pouco que tenho dela lembrando de banalidades como estas.
Me disseram que no futuro, depois de passar por mais um bocado de sofrimento, a gente vai acabar casando (me disseram isso algumas vezes antes, nunca acredito), mas quando os quatro anos juntos se passarem, e eu for repetir a cena de "Closer" fazendo joguinhos de perguntas sobre a nossa relação, não importa o quão difíceis as perguntas dele sejam, eu vou acertar todas! E se tudo der errado, outro menino de bermuda e camiseta vai aparecer, com outro sorriso bonito, pra me fazer esquecer de tudo (ou quase tudo) isso.

Kamilatavares.

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