sábado, 18 de agosto de 2018

Inquietude.

Cresci ouvindo da minha mãe que eu era uma desistente nata! Na primeira dificuldade de qualquer coisa eu pulava fora e tentava outra completamente diferente; e esse era o meu maior defeito.
Aos 10 entrei no piano, aos 12 desisti. Aos 13 entrei na natação, aos 15 saí. Queria aprender xadrez, saber jogar buraco e entender tudo de carteado, tocar bateria e guitarra, falar inglês, espanhol, italiano e francês. Queria saber pintar, desenhar, lutar judô e dançar ballet.
"O seu problema é não saber escolher!"
Aos 11 anos escolhi ser historiadora! Uma paixão que acreditei não conseguir abandonar pelo resto da minha vida; e me segurei nela até chegar o meu desejado diploma...e dessa escolha a minha mãe se orgulhou, mas permaneci inquieta.

Não sei criar raízes em algo e me segurar naquilo até a morte. Nós somos condicionados a escolher um curso, um hobbie, um amor, uma comida preferida, um estilo musical, uma cor de cabelo, um autor preferido, um filme, uma bebida, um destino pra viajar nas férias. Porque diabos se agarrar em uma possibilidade num mundo tão vasto?

Meu coração pulsa por diversas coisas, imagine o que seria de mim se eu soubesse fazer só uma coisa? E se acabassem com as escolas e chegasse o dia em que ninguém mais precisasse de um professor de história? E se minha comida preferida acabar? E se eu só soubesse tocar violão e na loja de instrumentos só vendesse contrabaixos? E se eu conhecer o amor da minha vida, e o amor da vida dele for outra?

Então eu decidi: Eu escolho a mudança! Mudar é a constante da minha vida.

Desta forma minha inquietude se traduz nas músicas que canto, nos cardápios que desenvolvo, nos instrumentos que eu toco, nos filmes que eu assisto, nas peças de teatro em que eu atuei, nos amores que eu tive, nos textos que eu escrevo e nas pinturas que eu deixo pelas paredes. Já tive todas as cores de cabelo, já conversei em três línguas diferentes ao mesmo tempo, já subi no palco, pilotei fogão, dancei, amei, lecionei, vivi.

Meu amor é pelos que sangram suas vontades no meio da rua, pelos que sabem expor seus corações como um sorvete caído no asfalto derretendo com o calor. Em cada esquina uma nova possibilidade, e pra elas eu me abro como um cachorro de rua que corre abanando o rabo pro estranho que lhe trouxe ração cheio de bondade. Permaneço na mesma cidade, mas o mundo é meu!

Eu vou botar todos os meus blocos na rua. Meus braços estão abertos e eu grito!

Não sou misteriosa, não sou discreta, não sou contida e não sou limitada. Se é pra ver o circo pegar fogo, que eu esteja no meio das chamas.

Eu quero o ontem, o hoje e o amanhã...tenho fome de tudo!

E se o mundo se explodir, que eu faça parte do show em forma de fogos de artifício.

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