segunda-feira, 17 de março de 2014

60 minutos.

Eu acho que antes a minha fome por respostas me embaçou mais ainda a visão e me impediu de prestar atenção em outras coisas que fossem também importantes...ou distorceu muita coisa que eu deveria ter visto de outra forma, e eu passei os últimos meses revisando todos os capítulos, mas sempre e busca de algo que eliminasse os meus porquês, os meus questionamentos, as minhas interrogações...

Eu confesso a minha raiva, o meu grito de desespero, o meu choro e o tremer das minhas mãos...eu confesso o olhar desolado através da janela e o soco abafado no travesseiro...eu confesso o nó na garganta e o meu desequilíbrio...eu confesso os meus surtos e mudanças bruscas de humor...eu confesso, fiz cena.

Acho que os dias enclausurada me trouxeram não só momentos profundamente depressivos como também algumas horas de boa reflexão, e por fim a gente acaba se acalmando e o conformismo com seja lá o que for se torna inevitável...começamos puramente raiva e terminamos entregues ao "que seja...agora tanto faz". Mas eu não acredito no tanto faz.

Me limitei a não esperar respostas, elas de nada me servem a não ser para me tirarem os nervos e acabarem com o meu frágil equilíbrio, e me conformei em não mais perguntar, não mais pedir, não mais procurar...mas dedico pequenas parcelas do meu dia para os pensamentos que dizem ao seu respeito, limitando-os apenas aos pensamentos positivos e recordações reconfortantes. Escrevo várias cartas, monto repertórios de músicas e serenatas, planejo supresas que eu sei que você vai gostar e faço listas de presentes.

Todo dia eu lhe dedico uma hora...ou mais, ou menos.

A sua hora é com certeza a mais bonita do dia, é como se eu me enchesse de olhares poétios pra poder te enviar energias boas...tudo fica mais bonito, até os ruídos dos carros somem. Sua hora não é regular, e pode ser dividida em pequenas parcelas de cinco ou dez minutos...

Quando eu vejo o Sol nascer e lhe digo bom dia bem na hora em que você acorda preguiçoso pra ir trabalhar - esperando que você coma bem no café da manhã e preste atenção no trânsito.

Quando eu faço pequenas caminhadas e vejo alguma árvore bonita.

Quando eu pego o violão e toco uma música que você gosta.

Quando eu escrevo.

Quando eu assisto um filme bom e quero que você também assista.

Quando eu escolho a música do dia.

Quando eu leio algum trecho sensacional de um livro qualquer.

Quando o tempo esfria...quando chove.

Quando eu canto ou aprendo a tocar algum instrumento novo.

Quando eu escolho alguma nova coisa preferida.

Quando eu choro...e quando eu sorrio.

Assim a sua hora passa todo dia, e no dia seguinte outra hora começa...e foi assim que eu encontrei a minha versão do que seria meditar - pensar apenas em coisas belas, enviar boas energias, me sentir parte do mundo...da natureza...me sentir um Ipê amarelo jogando flores douradas na calçada. A natureza não precisa de respostas...ela somente é! Você não está sempre lá pelas árvores...mas elas estão sempre lá pra você!

Outro dia eu sonhei que você criava coragem e fugia de casa num Fusca...e vinha me buscar! Foi legal.


Kamilatavares.

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