Ele tinha mania de puxar os cabelos atrás da orelha quando assistia filmes, ou quando ficava nervoso com alguma coisa, de modo que o seu cabelo liso sempre tinha um pedacinho mais bagunçado. Eu dava tapinhas em suas mãos pra ele parar de puxar os cabelos, e ele se encostava em mim pedindo cafuné. Eu levava ele ao cabeleireiro pra cortar a parte bagunçada do cabelo, que toda vez crescia e voltava a ficar bagunçado outra vez.
Eu tinha mania de dobrar os guardanapos em formas triangulares quando a gente saia pra jantar fora e eu não sabia o que dizer, sobre o que conversar ou quando eu ficava nervosa...na verdade ainda tenho essa mania mesmo não saindo mais pra jantar com ele. Ele dava tapinhas nas minhas mãos pra eu parar, amassava o guardanapo e jogava de volta pra mim enquanto ria e arranjava alguma distração pra me fazer parar.
Um dia fomos tomar café, meu dia havia sido péssimo e eu enrolei uma mecha do meu cabelo até ele ficar todo bagunçado. Ele pegou um guardanapo...dobrou em formas triangulares e me deu.
- Pra te acalmar.
Sorri pra ele.
Hoje eu não sei como estão os seus cabelos e ele não sabe quantos guardanapos eu dobrei...e me lembrei de todos os tapinhas nas mãos enquanto arrumava a minha bolsa e encontrei o guardanapo triangular manchado de café.
Hoje quase tudo evaporou...
Hoje os castelos caíram...
Hoje eu não sei mais.
Kamilatavares.
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