Ouvi dizer que você está apaixonado e concluí que talvez (com certeza) seja por isso que você sumiu de vez dos meus dias. Chorei por não ser a pessoa certa mais uma vez, chorei por ter que deixar você ir de vez, chorei por todas as brigas que eu poderia ter evitado, por todas as loucuras que não fiz, por todos os sacrifícios que evitei e pelo futuro que se escureceu diante dos meus olhos...quis morrer, mas preferi me sentir feliz por você, preferi ser aquela pessoa nobre que deseja a felicidade de quem ama mais que a sua própria felicidade...decidi torcer pra que dê certo, pra que dessa vez você faça diferente...e farei diferente dessa vez também, e eis a minha última declaração de amor...pra que ela entenda o presente que a vida lhe deu, hoje escrevo uma carta direcionada ao seu novo amor.
Campina Grande, 23 de Dezembro de 2013.
Há exatamente um ano, era Dezembro que ele começava a se fazer presente diariamente na minha vida agitada...fiquei tão confusa, tão assustada e tão feliz de encontrar alguém tão parecido comigo independente das circunstâncias, ter alguém que entendia todos os meus medos, minhas manias e minhas preferências e gostos específicos pra tudo era um alívio...uma mensagem do mundo me dizendo que sozinha nesse mundo eu não ficaria mais, porque mesmo longe, alguém me entendia...falava a minha língua. Imagino que você deve ter se sentido da mesma forma...embora eu te imagine como alguém bem diferente de mim...talvez tenha longos cabelos castanhos, rosto delicado e voz sempre baixa...talvez goste das melhores que tocam na rádio e uma dose de MPB aos sábados de tarde...talvez compartilhe o gosto pelos Arctic Monkeys ou quem sabe até pelo Pink Floyd, e se lembre dele dos tempos em que eu ainda não existia...e tenha um cheiro que faça ele se sentir bem. Ouvi dizer que ele se apaixonou por você, e vim te pedir pra não dormir de costas pra ele...ele não gosta! Vai querer adormecer olhando nos seus olhos ou sentir você descansando no peito dele enquanto ele enrola os seus cabelos, que ele vai sempre elogiar e querer vê-los soltos.
Vim te pedir que - por favor - tenha paciência quando ele falar das coisas que ele gosta, por mais que você não goste...escute! Ele acha que poucas pessoas no mundo o compreendem tal qual ele é, e vai querer que você o compreenda mais que qualquer outra pessoa...e pra isso irá passar horas citando as cenas de seus filmes preferidos, as músicas que ele escuta quando está feliz, quando está triste, quando quer dirigir sem rumo e fugir do mundo...suas bandas preferidas e a mania que ele tem de colocar molho shoyu em quase tudo que come. Ele vai querer que você entenda o passado dele, porque ele de vez em quando fica triste sem motivo nenhum...e você vai ter que guardar os segredos dele...vai precisar ser o porto seguro, a rocha...porque ele vai cair no meio do caminho...mas você precisa estar lá!
Quando ele sumir - e ele vai - por favor tenha a paciência que eu não tive...ele precisa de espaço de vez em quando, e eu demorei um bom tempo pra entender isso, mas ele se reserva pra não maltratar ninguém...ele se reserva pra pensar na vida...embora os pensamentos em sua maioria não sejam muito felizes...mas ele precisa desse tempo, desse espaço, mas não se preocupe, ele sempre volta com um humor melhor.
Você pode contar com ele sempre que precisar...ele não vai se aproveitar de suas fraquezas e por mais que você erre ele não vai descontar em você, e por mais que um dia ele se chateie com você ele não vai explodir...não vai descontar nada em você e vai pedir pra você relaxar...quando ele pedir pra você relaxar, saiba que ele não gostou...saiba que ele está triste...tente compensar, tente fazer o certo, tente ser um pouquinho melhor.
Se ele te fizer chorar, sempre explique a ele o motivo, ele vai te pedir desculpas e tentar se redimir...se você não falar ele nunca vai notar...a distração dele é maior que muita coisa, acredite.
Se ele disser que te ama, só ame ele de volta se for verdade...seja o melhor pra ele mas antes de tudo seja o melhor pra você...não minta pra você nunca.
Não deixe ele esperando no shopping, ele não gosta. Não coloque ervilha na macarronada, ele não gosta. Se brigarem, não insista em dizer que não foi nada, ele não gosta. Nunca pause uma música do Radiohead ou do Pink Floyd na frente dele ou muito menos fale mal de uma das duas bandas na frente dele, ele não gosta.
Faça massagens nele, alugue um filme do Tarantino, compre sempre Heineken, sorria, não esconda suas manias estranhas de infância, use Justin Timberlake pra quebrar o gelo, incentive a criatividade dele...ele vai te dizer que não tem talento pra nada - discorde, ele é talentoso em vários aspéctos e você vai descobrir isso com o tempo.
Quando ele escrever algo errado - corrija. Ele não gosta mas é pro bem dele. Diga sempre o que ele precisa ouvir, e não o que ele quer ouvir...pode doer na hora, mas ele vai sempre entender.
Compartilhe suas preferências, conte besteiras como a sua cor preferida, sempre argumente de forma inteligente.
E por fim, compartilho os dois melhores segredos que guardo sobre ele, na tentativa de que você faça o que eu não consegui fazer - Acorde um pouquinho mais cedo se puder pra ver o Sol das 6 da manhã incomodando o sono dele, e preste atenção em como ele dorme sorrindo e como o Sol do começo do dia deixa a pele dele mais bonita...e por fim, dê uma mordidinha no ombro dele enquanto ele estiver dirigindo meio desatento...o ombro direito dele tem gosto de Marshmallow - não diga a ninguém que eu lhe contei isso, são tesouros que compatilho só com você.
Sua nuca vai arrepiar quando ele segurar na sua perna enquanto dirige ao som da Gal Costa, seu coração vai esquentar quando você contar algo engraçado e ele colocar a mão na boca pra rir, suas costas vão relaxar com a dormência da massagem dele, seus olhos vão se encher d'água quando ele chorar, seus cabelos vão se emaranhar nos dedos dele e sua boca vai ficar seca...mas ele vai buscar água sempre que você pedir.
Sobre as coisas ruins eu não vou falar, todo mundo deve ter o privilégio de começar do zero deixando pra trás o que fez de errado...só lhe peço que cuide dele...porque eu não posso mais cuidar. E se ele te fizer sofrer, escreva suas notas de rodapé e encaminhe a carta para a próxima que vier, até que um dia ele encontre a felicidade que merece e a paz que tanto procura.
Desejo-lhe boa sorte, um abraço!
Aquela que não é mais.
domingo, 29 de dezembro de 2013
sábado, 21 de dezembro de 2013
If I die Young.
De vez em quando, sem nenhuma razão aparente o mundo parece girar em slow motion e tudo fica assustadoramente lento ao seu redor...seus passos diminuem, a respiração se torna preguiçosa e tudo parece melancolicamente poético. Nessas horas nada de bom se passa pela sua cabeça...você pensa no fim, na morte, em suicídio, nas coisas inacabadas, em tudo que você acha que fez de errado e nos seus arrependimentos. A oficina do diabo começa a funcionar.
Você pensa no que poderia acontecer se você simplesmente sumisse de forma repentina, e se senta em algum lugar calmo perto de uma árvore, esperando ser atingido por um raio, um meteoro, uma abdução alienígena, um ônibus que perdeu o controle, um infarto fulminante ou uma bala perdida enquanto se pergunta se os seus amigos chorariam por você, sentiriam sua falta ou quanto tempo levaria para todo mundo esquecer e seguir em frente.
O que você deixaria pra trás? O que levaria com você? Qual ato memorável seria relembrado? Qual seria o seu legado? Quem seriam seus herdeiros? O que resta como prova de que você honrou o privilégio da vida que teve? Quais os desperdícios e arrependimentos? O que seria motivo de orgulho? Quem descobriria aquele segredo que você guardou tão bem guardado?
E o mundo pausa, seus olhos se fecham e você sente o universo entrar pelos seus poros nos raios de sol, gotas de chuva, no vento, na fumaça dos carros e barulho das sirenes...no choro da criança e no latido do cachorro...e de repente tudo se separa e se torna um só...e de repente tudo é paz e agonia.
Kamilatavares.
Você pensa no que poderia acontecer se você simplesmente sumisse de forma repentina, e se senta em algum lugar calmo perto de uma árvore, esperando ser atingido por um raio, um meteoro, uma abdução alienígena, um ônibus que perdeu o controle, um infarto fulminante ou uma bala perdida enquanto se pergunta se os seus amigos chorariam por você, sentiriam sua falta ou quanto tempo levaria para todo mundo esquecer e seguir em frente.
O que você deixaria pra trás? O que levaria com você? Qual ato memorável seria relembrado? Qual seria o seu legado? Quem seriam seus herdeiros? O que resta como prova de que você honrou o privilégio da vida que teve? Quais os desperdícios e arrependimentos? O que seria motivo de orgulho? Quem descobriria aquele segredo que você guardou tão bem guardado?
E o mundo pausa, seus olhos se fecham e você sente o universo entrar pelos seus poros nos raios de sol, gotas de chuva, no vento, na fumaça dos carros e barulho das sirenes...no choro da criança e no latido do cachorro...e de repente tudo se separa e se torna um só...e de repente tudo é paz e agonia.
Kamilatavares.
sábado, 14 de dezembro de 2013
O fim!
Campina Grande, 8 de novembro de 2012
Hoje eu me cansei.
Na verdade o cansaço bateu não foi de hoje...mas eu tentava esconder, disfarçar, maquiar com sorrisos e aquelas velhas histórias tão divertidas pra quem não me conhece.
Eu vinha tentando manter você vivo aqui dentro, aquela parte de você tão boa que me fez ficar...mas a missão foi ficando difícil a cada dia, a cada raiva, cada mentira, cada desculpa esfarrapada, cada vez que eu me senti uma otária e tive que escutar e ver todo mundo apontando o meu papel de boba enquanto eu tentava dizer que valia a pena...mas não vale não!
Até quando você vai fazer isso? Quem é a próxima a te dar atenção e cuidados 24h por dia? Porque eu não fui a primeira...
Mas hoje eu decidi, depois de tantas tentativas, de fato acabar com isso. E juro que se eu pudesse deletaria tudo que nos ligasse e viveria no brilho eterno da minha mente sem lembranças, pedindo aos deuses pra não topar com você na rua e te conhecer mais uma vez, pro meu cérebro não entrar em pane!
Mas já que eu não posso...então vou me lembrar! Lembrar de cada mentira, cada palavra grosseira, cada olhar falso, cada atuação...vou me lembrar de todas as vezes que eu me senti indigna, que eu achei que não estava à altura, de cada hora que eu me senti deslocada, de cada sapo que eu tive que engolir, de cada oportunidade que eu perdi...cada noite em claro...cada briga com os meus amigos que me viam cada vez menos.
Eu vou te visitar no domingo, pela última vez...vou escutar você dizer que me ama...e dizer 'eu também' pela última vez...e mais uma vez você vai me perguntar o que aconteceu, e porque eu ando tão calada; e de uma vez por todas eu vou dizer tudo o que eu tenho pra dizer, mais uma vez...mas desta vez você não vai me emprestar o seu casaco e me consolar como se a causa do meu choro não fosse você. Desta vez você não vai me deixar em casa e me tratar bem por uma semana até eu me acalmar e voltar a confiar em você outra vez esperando a próxima facada. Desta vez eu não vou aceitar aquela cerveja gelada como pedido de desculpas...
Você foi esperto, me fez achar que tudo o que eu fazia por você era, na verdade, bom pra mim! Olha só o menino perfeito esperando o seu café com torradas, e a honra de levar é minha. Você me fez achar que ser só sua era uma honra pra mim, enquanto me fazia de besta...dá pra sentir o cheiro de pena sabia?
Te dei tudo sem esperar que você me desse tudo em troca...é bonito não é?! E o que você fez com isso? Pois é...
Eu espero que o nervosismo não me consuma, muito menos as lágrimas, e que eu consiga pontuar todas as razões pelas quais eu vou te deixar...eu espero que você lembre de todas...eu te conheço o suficiente pra não ser burra de ir embora sem mais nem menos...eu sei todos os argumentos que você usa pra culpar os outros dos seus defeitos. Não quero ouvir você dizer que eu sou louca...quero que você se dê conta do que fez.
Esta carta serve em caso de apagão, de fraqueza...eu sei que vou chorar e abraçar você...te perdoar e dizer que eu passo ai na terça pra te levar aquela receita nova que eu aprendi...mas eu não posso! Não posso mais voltar atrás!
Hoje eu me cansei.
Na verdade o cansaço bateu não foi de hoje...mas eu tentava esconder, disfarçar, maquiar com sorrisos e aquelas velhas histórias tão divertidas pra quem não me conhece.
Eu vinha tentando manter você vivo aqui dentro, aquela parte de você tão boa que me fez ficar...mas a missão foi ficando difícil a cada dia, a cada raiva, cada mentira, cada desculpa esfarrapada, cada vez que eu me senti uma otária e tive que escutar e ver todo mundo apontando o meu papel de boba enquanto eu tentava dizer que valia a pena...mas não vale não!
Até quando você vai fazer isso? Quem é a próxima a te dar atenção e cuidados 24h por dia? Porque eu não fui a primeira...
Mas hoje eu decidi, depois de tantas tentativas, de fato acabar com isso. E juro que se eu pudesse deletaria tudo que nos ligasse e viveria no brilho eterno da minha mente sem lembranças, pedindo aos deuses pra não topar com você na rua e te conhecer mais uma vez, pro meu cérebro não entrar em pane!
Mas já que eu não posso...então vou me lembrar! Lembrar de cada mentira, cada palavra grosseira, cada olhar falso, cada atuação...vou me lembrar de todas as vezes que eu me senti indigna, que eu achei que não estava à altura, de cada hora que eu me senti deslocada, de cada sapo que eu tive que engolir, de cada oportunidade que eu perdi...cada noite em claro...cada briga com os meus amigos que me viam cada vez menos.
Eu vou te visitar no domingo, pela última vez...vou escutar você dizer que me ama...e dizer 'eu também' pela última vez...e mais uma vez você vai me perguntar o que aconteceu, e porque eu ando tão calada; e de uma vez por todas eu vou dizer tudo o que eu tenho pra dizer, mais uma vez...mas desta vez você não vai me emprestar o seu casaco e me consolar como se a causa do meu choro não fosse você. Desta vez você não vai me deixar em casa e me tratar bem por uma semana até eu me acalmar e voltar a confiar em você outra vez esperando a próxima facada. Desta vez eu não vou aceitar aquela cerveja gelada como pedido de desculpas...
Você foi esperto, me fez achar que tudo o que eu fazia por você era, na verdade, bom pra mim! Olha só o menino perfeito esperando o seu café com torradas, e a honra de levar é minha. Você me fez achar que ser só sua era uma honra pra mim, enquanto me fazia de besta...dá pra sentir o cheiro de pena sabia?
Te dei tudo sem esperar que você me desse tudo em troca...é bonito não é?! E o que você fez com isso? Pois é...
Eu espero que o nervosismo não me consuma, muito menos as lágrimas, e que eu consiga pontuar todas as razões pelas quais eu vou te deixar...eu espero que você lembre de todas...eu te conheço o suficiente pra não ser burra de ir embora sem mais nem menos...eu sei todos os argumentos que você usa pra culpar os outros dos seus defeitos. Não quero ouvir você dizer que eu sou louca...quero que você se dê conta do que fez.
Esta carta serve em caso de apagão, de fraqueza...eu sei que vou chorar e abraçar você...te perdoar e dizer que eu passo ai na terça pra te levar aquela receita nova que eu aprendi...mas eu não posso! Não posso mais voltar atrás!
Kamilatavares.
Quando você vai revirar os documentos e encontra aqueeela velharia dramática.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Igor (Fragmento).
Uma vez eu vi em um filme que a gente sabe que está dentro de um sonho quando não consegue lembrar como foi parar ali...quando não tem lembrança alguma de quando tudo começou. Pois bem, eu não me lembro!
Não consigo lhe dizer o que foi sonho e o que foi realidade, não consigo me lembrar como fui parar ali, não consigo contar quantas vezes eu a conheci e nem quantas vezes eu a vi partir...simplesmente tudo se misturou em uma confusão de sentimentos, sonhos, delírios, ilusões e outras tantas coisas que eu também não conseguiria descrever. Contudo, minha história será contada e vocês saberão como eu acabei me enterrando dentro de mim e passeando pelas minhas entranhas até me consumir por completo nessa doença que se tornou parte do que eu sou. Me perdi no emaranhado de situações e na teia de estórias que lhes serão contadas...e ainda não consegui encontrar a saída.
Era manhã...era tarde...era noite...era madrugada. Eu estava lá, ela estava linda. Nos conhecemos - outra vez.
Perguntei o seu nome, e disse o meu mais uma vez.
- Muito prazer, me chamo Igor.
Kamilatavares.
Não consigo lhe dizer o que foi sonho e o que foi realidade, não consigo me lembrar como fui parar ali, não consigo contar quantas vezes eu a conheci e nem quantas vezes eu a vi partir...simplesmente tudo se misturou em uma confusão de sentimentos, sonhos, delírios, ilusões e outras tantas coisas que eu também não conseguiria descrever. Contudo, minha história será contada e vocês saberão como eu acabei me enterrando dentro de mim e passeando pelas minhas entranhas até me consumir por completo nessa doença que se tornou parte do que eu sou. Me perdi no emaranhado de situações e na teia de estórias que lhes serão contadas...e ainda não consegui encontrar a saída.
Era manhã...era tarde...era noite...era madrugada. Eu estava lá, ela estava linda. Nos conhecemos - outra vez.
Perguntei o seu nome, e disse o meu mais uma vez.
- Muito prazer, me chamo Igor.
Kamilatavares.
sábado, 7 de dezembro de 2013
Delirium.
Eu não sei todas as respostas do mundo. Eu não tenho justificativas. Minhas atitudes extremas não precisam de uma gota d'água. Meu desequilíbrio não precisou de um trauma. Meu amor não requer sujeito. Minha dor não precisa ser afogada.
Ele criou o mundo que precisava pra manter nossa união aquecida com o Sol que descansava todas as tardes na nossa janela...ele regou os sonhos que alimentavam os domingos preguiçosos na varanda...ele construiu anos de música, prosa e verso sobre os meus vestidos. Os incensos e balões de Hélio brincavam na sala cheia de DVD's e os sapatos se misturavam debaixo da cama, junto do lençól que derrubamos e do enfeite do meu cabelo. As escovas de dente se abraçavam olhando a toalha dividida entre as roupas sujas no chão e o sabonete. Os copos sujos de vinho conversavam sobre a noite passada com o cinzeiro cheio de histórias e cigarros mortos com e sem marcas de batom. E a sobremesa esperava...e a tristeza ficava pro outro dia...e a realidade era remarcada pra semana que vem...e o perigo das ruas era mantido em segredo dentro da TV desligada.
Quis sair pra ver o mundo, me assustei.
Lá fora a coisa é outra...lá eu preciso sobreviver...lá eu tenho pesadelos e acordo sem abraços...mas é lá que eu vivo agora...e as buzinas e os semáforos e as ambulâncias e os documentos e o despertador e o prazo final...e a realidade.
Vou passar lá pra pegar algumas roupas...e o cheiro de lavanda que deixou o meu pescoço. Vou passar lá pela nostalgia...pelo piso de madeira que range quando eu ando na ponta do pé de madrugada...pela maçaneta que emperra...pela torneira com vazamento...pelo meu filme preferido que ficou empoeirado na estante...pela minha luminária verde...pela dose do mundo dele que eu quero na minha realidade mesmo depois de ter ido embora.
Pra dizer Adeus...
Deb.
Ele criou o mundo que precisava pra manter nossa união aquecida com o Sol que descansava todas as tardes na nossa janela...ele regou os sonhos que alimentavam os domingos preguiçosos na varanda...ele construiu anos de música, prosa e verso sobre os meus vestidos. Os incensos e balões de Hélio brincavam na sala cheia de DVD's e os sapatos se misturavam debaixo da cama, junto do lençól que derrubamos e do enfeite do meu cabelo. As escovas de dente se abraçavam olhando a toalha dividida entre as roupas sujas no chão e o sabonete. Os copos sujos de vinho conversavam sobre a noite passada com o cinzeiro cheio de histórias e cigarros mortos com e sem marcas de batom. E a sobremesa esperava...e a tristeza ficava pro outro dia...e a realidade era remarcada pra semana que vem...e o perigo das ruas era mantido em segredo dentro da TV desligada.
Quis sair pra ver o mundo, me assustei.
Lá fora a coisa é outra...lá eu preciso sobreviver...lá eu tenho pesadelos e acordo sem abraços...mas é lá que eu vivo agora...e as buzinas e os semáforos e as ambulâncias e os documentos e o despertador e o prazo final...e a realidade.
Vou passar lá pra pegar algumas roupas...e o cheiro de lavanda que deixou o meu pescoço. Vou passar lá pela nostalgia...pelo piso de madeira que range quando eu ando na ponta do pé de madrugada...pela maçaneta que emperra...pela torneira com vazamento...pelo meu filme preferido que ficou empoeirado na estante...pela minha luminária verde...pela dose do mundo dele que eu quero na minha realidade mesmo depois de ter ido embora.
Pra dizer Adeus...
Deb.
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